Tuesday, July 16, 2013

Chão da sala

Porta aberta, o sol entra pela fresta deixada de proposito. O sol é ameno, se intercalam sombra e sol, nesse cômodo da casa, tudo deixa marcas. Formam-se desenhos no chão da sala, em parte da cozinha. Sobretudo na sala. Interessante como em tudo se podem notar movimentos, cores e formas, difusas ou não, as formas sempre estarão preenchendo os espaços. Mesmo atento, muito se perde através da retina dos olhos, os ângulos observados, esses, muitos deixamos de perceber. Não podemos dar conta da percepção total, porque então haveríamos de dar conta da finitude da vida? Deixa o que for, até o nosso alcance, os demais, esse ficará no vão do tempo, espaço inacessível. Dar-se-á então, um nome ao tal inacessível espaço de tempo, denominado com a ausência ‘dele’. Olhar para o nada, por vezes é olhar para o todo, silenciar, pode ser a audição de todos os sons ao redor. Essencial é silenciar. A percepção acusada de olhos estáticos nos faz ver além, sem mesmo estar vendo concretamente. Fecharam a porta, com toda certeza alguém alheio a tudo o que se passa nesse mínimo espaço. Tudo se torna tão imenso com a diminuição da luz natural. Modificação do ambiente. Novas formas se refazem, o poder de refazer-se é realmente incrível, não apenas desse ângulo, nem mesmo das múltiplas visões que pode fazer valer dele, mas também da vida. Por que ele insiste em debater a vida? A simplicidade dos dias é a máxima. Essa possibilidade de renovação, nem todos alcança, por quê? Ainda acredito que qualquer renovação deve partir de dentro para fora, o resto é oco. O encantamento de almas que se renovam, absorvem o que é bom e dissolvem o desnecessário. Eis um grande triunfo para quem sabe: absorver e dissolver. O que acha da possibilidade de facilitação de tal processo? Poderíamos ver o que realmente não queríamos ver, a impossibilidade do visível aos olhos, seria aquele autoconhecimento de dentro para fora, esse ato deveria organizar essa relação. Nunca é possível, porém, não esqueçamos, a ausência pode parecer tão fria e dolorida, mas o que realmente importa, é a presença em alma, portanto, não ligue para ausência física, em coração e alma, tudo se tornará pleno em si, mesmo com todos os possíveis escombros, Em alma e coração estaremos sempre presente. Sempre. É preciso que estejamos dispostos a deixar-se estar, perder-se em meio aos pensamentos que flutuam por entre nós e o limite que nos separa, é preciso também saber a hora de voltar, ou não voltar. O meu avesso mostra-se mais límpido e visível em mim do que um poste em mar aberto. Sempre tive oito anos em um canto da minha memoria, e ainda hei de ter não mais que 16 à vida toda. Á partir disso continuará descortinando travessuras de uma vida flutuante, entre aqui e ali, entre o acaso e o limiar. A vida nunca será fixação. Ele.
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