Monday, November 21, 2016

Ode disforme


És céu onde padece meu sonho de apreço febril
És céu onde reina a quimera de uma vida sem fim
És céu onde o bocejo da aurora em sono se cala
És céu onde revejo vestígios de corpos benzidos pelo afã do suor

És céu onde tudo se refaz e renasce sem vida
És céu de lençóis  translúcidos e virgens corpóreas
És céu de repouso lunar e olhares de culpa 
És céu onde transbordam espumas  em cetim dourado

És céu de brancos incalculáveis e brechas falíveis 
És céu em línguas insólitas e suspiros de afeto

És céu...



Tuesday, September 27, 2016

Vazios

Era só mais uma tarde, dessas onde se espera a possibilidade de esgueirar-se por entre a infelicidade de um cotidiano massivo e dilacerante ou a imprecisa espera por uma ociosidade contemplativa do nada. Nada é também felicidade.
Para Gertrudes e Agatha, garotas de pálpebras acinzentadas, dedos finos e cabelos nos ombros, o 'nada' declarado tinha sentido obtuso e disforme, visto por olhos alheios, afinal como contemplar o nada
Para ambas só era possível contemplar o nada a partir de uma total inversão, pois o nada é ao mesmo tempo tudo. Gertrudes não existiria sem Agatha, assim como, Agatha só se via em si mesma como reflexo de Gertrudes.

Frustradamente tentavam analisar o espaço que as separava, sendo esse espaço inexistente, pois se percebiam uma como a extensão da outra. 
Aquelas folhas secas de inverno colhidas por Agatha só representavam beleza se sua contemplação fosse percebida por Gertrudes, a partir dos novos dias daquela nova estação não existiria mais o nada, sendo Agatha e Gertrudes extensões de si mesmas, tudo lhes era caro, o vazio, o contemplativo, o belo, o obscuro, a felicidade; fundiam-se.

Ele.

Friday, August 26, 2016

Hermann Hesse

"A Idade só se aplica às pessoas Vulgares"
"A tendência para colocar uma ênfase especial ou organizar a juventude nunca me foi cara; para mim, a noção de pessoa velha ou nova só se aplica às pessoas vulgares. 
Todos os seres humanos mais dotados e mais diferenciados são ora velhos ora novos, do mesmo modo que ora são tristes ora alegres. É coisa dos mais velhos lidar mais livre, mais jovialmente, com maior experiência e benevolência com a própria capacidade de amar do que os jovens. Os mais idosos apressam-se sempre a achar os jovens precoces demasiado velhos para a idade, mas são eles próprios que gostam de imitar os comportamentos e maneiras da juventude, eles próprios são fanáticos, injustos, julgam-se detentores de toda a verdade e sentem-se facilmente ofendidos. A idade não é pior que a juventude, do mesmo modo que Lao-Tsé não é pior que Buda e o azul não é pior que o vermelho. 
A idade só perde valor quando quer fingir ser juventude."
(Hermann Hesse, in 'Elogio da Velhice').
Contemplaremos nossa inocência, com a sabedoria de nossa maturidade. 
Eternamente.
Ele.

Saturday, May 21, 2016

Grafia

Tinha o hábito de sentir nas palavras que escrevia a imagem prévia de alguém que poderia recebê-las, sim, as palavras pareciam ter uma face, algo que imprimiria um caráter muito mais pessoal, tudo o que passava era devidamente descrito em sintonia com a mudança da luz. Talvez os povos ágrafos, aqueles sem escrita alguma, poderiam comunicar-se muito mais intensamente que eles, os ditos povos de escrita singular e detentores de uma gramatica usual, a simbologia das ações poderiam dizer-lhes muitos mais que palavras ou mensagens redundantes.               

                                                           As imagens falavam.












Saturday, April 09, 2016

Disseminando céu(s)

E o 'vazio' só, sem-magoa nem âncora...
Preencheu-se de  céu.




Friday, March 18, 2016

Habitar-te

Terias o hábito de sentir nas palavras que escreveria a imagem prévia de quem poderia recebê-las? Sim. As palavras pareciam ter uma face, um simbolo notório de existência. 
Algo que em si, imprimiria um caráter muito mais pessoal, tudo que passava era devidamente descrito em sintonia com a mudança da luz, dos espaços que em 'tu' ele ainda habitava. Escuridão e clarividência, interpondo-se...

Ele.










Thursday, February 18, 2016

Enfim...

Através da janela de aço em traçado perpendicular
Re/vê aqueles olhos e cabelos azul/vulcão

Brincos e miçangas degradadas/inusitado
Lábios de tom carmim cantam o arrasto de noite/dia

Uma silhueta em resignação/desintoxicada de ilusões/sensações
Sobrepõem-se entre andar/sonhar

Vislumbra uma dança que perpassa o espelho/jardim
Ébrios, ambos sorriem/cantam

Enfim...

Ele.






Monday, January 25, 2016

Wednesday, January 20, 2016

Trilogia




Hesitais

Não hesitais em sentir em mim o peso dos lábios que lhe miram...
É tudo tão cândido e puro, como a clarividência de nuvens em forma de almofadas!

Ainda assim...
Hesitais.


Ele.





Wednesday, January 06, 2016

Contempladores de amenidades

Andar de segundo a segundo sem perceber as mudanças remotas que ocorrem ao entorno, seria a perca anunciada das minuciosidades da vida. Nada é sutil o bastante que não possa distrair alguém em constante distração. Não a distração dos atônitos, mas a erudição dos sábios populares, os contempladores dos mínimos acontecimentos considerados irrelevantes ao redor. Essas ocorrências singulares e adjacentes que perpassam os limiares do entendimento humano tornam-se atraentes quando olhadas por ângulos irregulares e nada usuais. 



Ele.




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