O meu avesso me refaz.
Sou mais eu do lado avesso...
O Avesso que condena, liberta e denuncia.
Sou mais eu do lado (in) avesso.
Eu.
Assim como tudo e mais ainda sobre tons de pálpebras, nada sei, nada quero dizer em especial, não sei se faço poesia ou falácia, só sei, eu, que despejo tudo nessas palavras, sem restrições de tempo, hora e momento. Há em mim alguém o qual desconheço, esse deve ser um tanto poeta de gaveta, um tanto filósofo de esquina. Ah! e de calçadas também. Entrego-me ao meu avesso!
Tuesday, June 15, 2010
Friday, June 11, 2010
(Os poetas)
Seres de sangues incoaguláveis, de feridas abertas e incuráveis, seres que precisam sentir em dobro para traduzir o que outros sentem, esses são os poetas. Poetas não nascem para ter, nascem para sentir falta.
Dalton Menezes
Dalton Menezes
Tuesday, June 08, 2010
O som do silêncio é incolor
Eram perceptíveis apenas as folhas, as sentia com os dedos dos pés.
De mãos ao vento, como quem corta o céu em linhas e faz desenhos em nuvens, seguia. Andar por sobre a grama verde em dias cinza. Seu andar era lento, pernas curtas, não tinha muito alcance com os braços finos. Esmagava folhas secas com a palma das mãos, matinha um gosto amargo nos lábios. Com baixo tom de voz. Olhar distante. Cabelos eriçados e pele alva. Olhava-se no espelho ao menos três vezes ao dia, e o que via? Alguém incomum, diferente. Por vezes atônito, a um passo da despedida insólita. Anel cor de sangue na mão direita. Andava diariamente pela aquela viela de pedras soltas, ar pesado. Lenço lilás no pescoço. Unhas negras e dedos curtos. Preencher espaços ainda não habitados perecia ser a intenção. Sorrateiramente inclinando-se entre dia e noite. Tardes outonais eram descritas em folha branca. Letras escondidas debaixo da cama prateada., na janela apenas um vaso amarelado e sem flores. Regar o que ali? Observava quando o sol se punha, todo o dia era assim, com ou sem chuva. Não dava ouvidos aos desavisados, aqueles que não percebiam a cor do céu nem as aves que revoavam continuamente aquele povoado deserto e sem luz. Tudo perecia conter algo de inédito. Ainda não contemplado por aqueles olhos cor de brasa. Definitivamente é de impressionar a sagacidade que traz nesses olhos, algo íntimo sempre acontecia, mudava repentinamente. Sem hora marcada ou movimentos estudados.
Uma vontade tênue e lilás de surpreender-se. A cada segundo o silêncio é cultuado divinamente. Sem deixar transparecer um semblante preocupado ou tenso. Calmaria.
É o que tomava conta, parecia viver entre um misto de devoção e alienação desmedida. Por escolha talvez. Quem sabe? Esse hábito de brincar com palavras foram-lhe tomando aos poucos. Assim gradativamente. A modéstia agora dava lugar ao único e improvável momento de espera. O futuro caracterizava-se como a maior das promessas mal contadas.
Apesar de certo apreço por multicores, às vezes tudo à volta lhe parecia monocromático. Essa vontade latente que pairava em tecer nos dias algo supremo.
Ver um mundo caótico ao avesso. – O silêncio lhe dizendo:
- No final daquele poço há mais um estúpido querendo lhe jogar a corda.
Deixaria que o afogamento fosse divino e único? O medo agora era medo de não tentar. Após debruçar-se sobre aquela calçada fria, pensou.
Pensou muito sobre como descreveria aquele novo momento de silêncio.
Eu.
De mãos ao vento, como quem corta o céu em linhas e faz desenhos em nuvens, seguia. Andar por sobre a grama verde em dias cinza. Seu andar era lento, pernas curtas, não tinha muito alcance com os braços finos. Esmagava folhas secas com a palma das mãos, matinha um gosto amargo nos lábios. Com baixo tom de voz. Olhar distante. Cabelos eriçados e pele alva. Olhava-se no espelho ao menos três vezes ao dia, e o que via? Alguém incomum, diferente. Por vezes atônito, a um passo da despedida insólita. Anel cor de sangue na mão direita. Andava diariamente pela aquela viela de pedras soltas, ar pesado. Lenço lilás no pescoço. Unhas negras e dedos curtos. Preencher espaços ainda não habitados perecia ser a intenção. Sorrateiramente inclinando-se entre dia e noite. Tardes outonais eram descritas em folha branca. Letras escondidas debaixo da cama prateada., na janela apenas um vaso amarelado e sem flores. Regar o que ali? Observava quando o sol se punha, todo o dia era assim, com ou sem chuva. Não dava ouvidos aos desavisados, aqueles que não percebiam a cor do céu nem as aves que revoavam continuamente aquele povoado deserto e sem luz. Tudo perecia conter algo de inédito. Ainda não contemplado por aqueles olhos cor de brasa. Definitivamente é de impressionar a sagacidade que traz nesses olhos, algo íntimo sempre acontecia, mudava repentinamente. Sem hora marcada ou movimentos estudados.
Uma vontade tênue e lilás de surpreender-se. A cada segundo o silêncio é cultuado divinamente. Sem deixar transparecer um semblante preocupado ou tenso. Calmaria.
É o que tomava conta, parecia viver entre um misto de devoção e alienação desmedida. Por escolha talvez. Quem sabe? Esse hábito de brincar com palavras foram-lhe tomando aos poucos. Assim gradativamente. A modéstia agora dava lugar ao único e improvável momento de espera. O futuro caracterizava-se como a maior das promessas mal contadas.
Apesar de certo apreço por multicores, às vezes tudo à volta lhe parecia monocromático. Essa vontade latente que pairava em tecer nos dias algo supremo.
Ver um mundo caótico ao avesso. – O silêncio lhe dizendo:
- No final daquele poço há mais um estúpido querendo lhe jogar a corda.
Deixaria que o afogamento fosse divino e único? O medo agora era medo de não tentar. Após debruçar-se sobre aquela calçada fria, pensou.
Pensou muito sobre como descreveria aquele novo momento de silêncio.
Eu.
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