Assim como tudo e mais ainda sobre tons de pálpebras, nada sei, nada quero dizer em especial, não sei se faço poesia ou falácia, só sei, eu, que despejo tudo nessas palavras, sem restrições de tempo, hora e momento. Há em mim alguém o qual desconheço, esse deve ser um tanto poeta de gaveta, um tanto filósofo de esquina. Ah! e de calçadas também. Entrego-me ao meu avesso!
Monday, November 19, 2012
Tons e Cores
Pablo pensava sobre a ineficácia do sol naquele dia de frio intenso; ao mesmo tempo tão esperado. Queria agora pintar seus olhos, boca e pálpebras, tudo em cor negra. As mãos continuariam brancas, em tom mármore, trocando apegos ao por do sol, sentia-se incapaz, de tormento azulado, já não acreditava mais na solidão. Dizia-me que em dias de chuva, bastavam olhares de garotas desconhecidas descendo as ladeiras retilíneas de um bairro na região central, andava entre aquele espaço, assim nada seria tão incerto quanto o próximo dia. Tinha nas mãos um amor do tamanho de seus sonhos, pelas manhas fazia o mesmo de sempre, sobre a brisa fina e passageira do final da manhã, fechava a porta do quarto lilás, agora sem espaços para o sol, despejava na boca, ainda com gosto de menta, toda a doçura de um beijo imaginário.
Continuamente dizia:
- Eu tenho toda certeza, agora em bloco, não há mais nada a dizer, apenas sentir...
Depois desse dia, os tons e cores não foram os mesmos, nunca mais seriam...
O livro de capa desbotada ao lado da cama trazia verdades de uma infância sentida, um autor desconhecido vinha preenchendo suas tardes sentia o gosto salgado de um saudosismo precoce. Nada passava aquém diante dos olhos negros, movimentos simétricos de sombras em transe. Imagens tecidas em dias cinzentos, nada reais, apenas sentimentos torpes. Desatino. Naquela noite, após a aura passada, tudo voltara ao normal, nada tinha a dizer, ainda sentindo...
As cores, sempre corem ausência delas...
Ele.
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