Beijos de açúcar em dias de chuva lilás.
Eu.
Assim como tudo e mais ainda sobre tons de pálpebras, nada sei, nada quero dizer em especial, não sei se faço poesia ou falácia, só sei, eu, que despejo tudo nessas palavras, sem restrições de tempo, hora e momento. Há em mim alguém o qual desconheço, esse deve ser um tanto poeta de gaveta, um tanto filósofo de esquina. Ah! e de calçadas também. Entrego-me ao meu avesso!
Friday, March 28, 2008
Monday, March 24, 2008
Noite Branca
Quisera eu ter aquele tamanho, os braços eram longos e reforçados, não tinha apreensão nos olhos, esses eram vultosos e sagazes.
Guilherme não tinha mais cabelos longos como antes, mesmo trabalhando de sol a sol, suas mãos ainda pareciam macias e firmes.
Esticava o corpo todas as manhãs na varanda da casa.
Não era desses garotos que cultuam o corpo, nem precisava...
Morava com os tios, tinha cumplicidade com a tia de nome Vilma, dava-lhe todo carinho que nunca teve dos Pais.
Fato esse que tentava deixar passar despercebido, mas seus olhares tristes eram denunciadores. Tentava desesperadamente esconder-se atrás de certa arrogância e impessoalidade.
Parecia ter poucos amigos.
Muito poucos. Talvez não por opção, quem sabe?
O lugar sagrado eram as quatro paredes brancas daquele quarto frio.
Cheio de adereços em cristais e gesso, cuidadosamente lustrados.
Era cuidadoso.
Excêntrico às vezes.
O fato de nunca abrir as janelas deixava um mau cheiro, nem as cortinas pareciam serem estendidas, algumas frestas de luz adentravam por espaços da entrada que dava para um sótão, escuro e gelado.
Poucas vezes subia ali...
Mantinha coleções de álbuns de vinil, alguns nunca ouvidos, os preferidos estavam na parede, olhava como se olha aquém se quer...
Ao lado a coleção de borboletas azuis, a qual trazia desde a infância, recordação do Pai falecido.
Tentava recompor as asas destruídas pelo tempo, assim como fazia com sua mãe, durante longas noites. O retrato em cima da cama trazia uma mulher austera, com grande vivencia.
Sumiu em um dia de chuva sem deixar vestígios.
Não levou nada, apenas a roupa do corpo.
Estranheza total.
Guilherme matinha um saudosismo ácido.
Como quem só olha de dentro para fora, assim via tudo se delinear em sua frente, pequenos formatos tomavam proporções enormes.
Quem me dera desvendar o que aquele garoto trazia no peito, o que fazia seus olhos brilharem por tão pouco, pareciam tênues seus momentos de felicidade.
Deveriam ser...
É isso! Guilherme só olhava de dentro para fora-tudo partia de uma sensibilidade frágil e extrema.
Não era percebida assim, por olhos nus.
Poucos a percebiam.
Mesmo assim aqueles olhos sempre pareciam cerrados, olhares tímidos e sorrisos amenos. Timidez? Talvez...
Tinha as mãos geladas.
Sempre mudando de lugar os móveis do quarto.
Nada ficava fora do lugar. Só pessoas especiais também podiam ocupar aquele espaço.
Transformara aquele ambiente em algo intransponível.
Único e passível de seus devaneios.
Alguns segredos deveriam estar contidos ali?
Brigava com Bruno o primo mais novo, por sempre estar espiando pela fresta da porta, às vezes em um descuido deixava entreaberta.
Trabalhava com Tio em oficina mecânica, dava duro sem reclamar.
Aos vinte e dois anos tinha acabado o colegial, mas ainda não tinha dado um rumo na vida, muitas indecisões assolavam seus pensamentos, esse era um dos grandes motivos para ser diariamente atormentado pelo Tio.
Homem de poucos sorrisos.
Matuto e exigente, sempre dava tarefas difíceis a Guilherme-algumas embora normais-para Guilherme pareciam definitivamente impossíveis de serem cumpridas.
Mas sempre vazia o possível para servi-lo.
Mesmo contrariado dava tudo de si, era assim em tudo o que se propunha a fazer.
Ir até o mercado era uma dessas tarefas difíceis, não gostava de cruzar as avenidas, preferia as vielas e ruas estreitas, certo que ali haveria pouco movimento.
Alguns olhavam com certo espanto, porque aquele garoto chamava-lhes atenção?
Não pela estética, talvez transpassasse certa inquietude que era disseminada por onde era visto, por onde passava.
Afinal em cidades pequenas todos deveriam se conhecer e assim serem amigos.
Mas isso não acontecia.
Talvez aquele jeito fosse seu e de mais ninguém.
Apenas seu jeito de ser. Andar descalço na grama gelada.
Debaixo do cipreste amarelo encostar os braços, estender as pernas e roer as unhas. Usava camisetas com pétalas bordadas.
Os finais de semanas eram dedicados a falar de amenidades pra si mesmo.
Coisas que simples para muitos, para Guilherme tinham dimensões extremas.
Noites que pareciam cinza, a seus olhos eram brancas.
Era particular e privado seu mundo.
Pequeno grande mundo.
Eu.
Guilherme não tinha mais cabelos longos como antes, mesmo trabalhando de sol a sol, suas mãos ainda pareciam macias e firmes.
Esticava o corpo todas as manhãs na varanda da casa.
Não era desses garotos que cultuam o corpo, nem precisava...
Morava com os tios, tinha cumplicidade com a tia de nome Vilma, dava-lhe todo carinho que nunca teve dos Pais.
Fato esse que tentava deixar passar despercebido, mas seus olhares tristes eram denunciadores. Tentava desesperadamente esconder-se atrás de certa arrogância e impessoalidade.
Parecia ter poucos amigos.
Muito poucos. Talvez não por opção, quem sabe?
O lugar sagrado eram as quatro paredes brancas daquele quarto frio.
Cheio de adereços em cristais e gesso, cuidadosamente lustrados.
Era cuidadoso.
Excêntrico às vezes.
O fato de nunca abrir as janelas deixava um mau cheiro, nem as cortinas pareciam serem estendidas, algumas frestas de luz adentravam por espaços da entrada que dava para um sótão, escuro e gelado.
Poucas vezes subia ali...
Mantinha coleções de álbuns de vinil, alguns nunca ouvidos, os preferidos estavam na parede, olhava como se olha aquém se quer...
Ao lado a coleção de borboletas azuis, a qual trazia desde a infância, recordação do Pai falecido.
Tentava recompor as asas destruídas pelo tempo, assim como fazia com sua mãe, durante longas noites. O retrato em cima da cama trazia uma mulher austera, com grande vivencia.
Sumiu em um dia de chuva sem deixar vestígios.
Não levou nada, apenas a roupa do corpo.
Estranheza total.
Guilherme matinha um saudosismo ácido.
Como quem só olha de dentro para fora, assim via tudo se delinear em sua frente, pequenos formatos tomavam proporções enormes.
Quem me dera desvendar o que aquele garoto trazia no peito, o que fazia seus olhos brilharem por tão pouco, pareciam tênues seus momentos de felicidade.
Deveriam ser...
É isso! Guilherme só olhava de dentro para fora-tudo partia de uma sensibilidade frágil e extrema.
Não era percebida assim, por olhos nus.
Poucos a percebiam.
Mesmo assim aqueles olhos sempre pareciam cerrados, olhares tímidos e sorrisos amenos. Timidez? Talvez...
Tinha as mãos geladas.
Sempre mudando de lugar os móveis do quarto.
Nada ficava fora do lugar. Só pessoas especiais também podiam ocupar aquele espaço.
Transformara aquele ambiente em algo intransponível.
Único e passível de seus devaneios.
Alguns segredos deveriam estar contidos ali?
Brigava com Bruno o primo mais novo, por sempre estar espiando pela fresta da porta, às vezes em um descuido deixava entreaberta.
Trabalhava com Tio em oficina mecânica, dava duro sem reclamar.
Aos vinte e dois anos tinha acabado o colegial, mas ainda não tinha dado um rumo na vida, muitas indecisões assolavam seus pensamentos, esse era um dos grandes motivos para ser diariamente atormentado pelo Tio.
Homem de poucos sorrisos.
Matuto e exigente, sempre dava tarefas difíceis a Guilherme-algumas embora normais-para Guilherme pareciam definitivamente impossíveis de serem cumpridas.
Mas sempre vazia o possível para servi-lo.
Mesmo contrariado dava tudo de si, era assim em tudo o que se propunha a fazer.
Ir até o mercado era uma dessas tarefas difíceis, não gostava de cruzar as avenidas, preferia as vielas e ruas estreitas, certo que ali haveria pouco movimento.
Alguns olhavam com certo espanto, porque aquele garoto chamava-lhes atenção?
Não pela estética, talvez transpassasse certa inquietude que era disseminada por onde era visto, por onde passava.
Afinal em cidades pequenas todos deveriam se conhecer e assim serem amigos.
Mas isso não acontecia.
Talvez aquele jeito fosse seu e de mais ninguém.
Apenas seu jeito de ser. Andar descalço na grama gelada.
Debaixo do cipreste amarelo encostar os braços, estender as pernas e roer as unhas. Usava camisetas com pétalas bordadas.
Os finais de semanas eram dedicados a falar de amenidades pra si mesmo.
Coisas que simples para muitos, para Guilherme tinham dimensões extremas.
Noites que pareciam cinza, a seus olhos eram brancas.
Era particular e privado seu mundo.
Pequeno grande mundo.
Eu.
Ela e Eu.
Sentinela da 1° pessoa do singular
Eu quero...
Eu quero um começo, um título, uma marca, um apego.
Eu quero nada de mais, nada de menos,
Quero o necessário que se exala
Eu quero um copo, uma luz, uma estrada que caminha sem curvas.
Eu quero intensidade do mais doce sentir,
O néctar das cores da existência
Ah eu quero...
Eu quero me sentir inteira, sair à beira mar,
Tocar as ondas, molhar os pés.
Eu quero sentir o doce nos lábios,
Ver meus olhos nos teus, beijar-te a face.
Eu quero estar lado alado com você.
De Iza para Lucas.
Eu quero...
Eu quero um começo, um título, uma marca, um apego.
Eu quero nada de mais, nada de menos,
Quero o necessário que se exala
Eu quero um copo, uma luz, uma estrada que caminha sem curvas.
Eu quero intensidade do mais doce sentir,
O néctar das cores da existência
Ah eu quero...
Eu quero me sentir inteira, sair à beira mar,
Tocar as ondas, molhar os pés.
Eu quero sentir o doce nos lábios,
Ver meus olhos nos teus, beijar-te a face.
Eu quero estar lado alado com você.
De Iza para Lucas.
Sunday, March 16, 2008
Chuva (a)
A chuva fina e silênciosa veio de repente; fiquei todo molhado, foi proposital.
Adorei.
Ela ainda escorre pelo vão da janela e faz um barulho de "Jazz" batendo na calha.
Ela, a chuva.
Eu.
Adorei.
Ela ainda escorre pelo vão da janela e faz um barulho de "Jazz" batendo na calha.
Ela, a chuva.
Eu.
Thursday, March 06, 2008
...da minha janela
De todas as lembranças; cravou-se em mim a saudável/saudade de seus olhos, lábios e pálpebras.
Essa realidade pura e insana por vezes é insuportavelmente sem sabor.
Nada somos/seriamos sem os sonhos, realizáveis ou não...
Eu.
Essa realidade pura e insana por vezes é insuportavelmente sem sabor.
Nada somos/seriamos sem os sonhos, realizáveis ou não...
Eu.
Tuesday, March 04, 2008
Pela manhã
As nuvens lá fora estão distantes, muito distantes, o sol desaponta no céu.
Esses dias sempre nos oferecem possibilidades até então impossíveis nesses últimos dias aqui nessa região, captar o céu em seu estado puro, totalmente azul, aquele azul dos sonhos, lindo, poucas nuvens suspensas ao longe, lembram almofadas de algodão, aquela vontade que vêm de sentar-se. Eu sempre me repito, mas qual beleza única e pura não deverá ser relembrada e sentida? Poucas são as pessoas que “cultuam” olhar o céu e contempla-lo, poucas, talvez haja uma explicação concreta para isso, esse tempo voraz que a todos consome que há todos acorrenta. Confesso, é preciso “fugir” desse estado de putrefação da sensibilidade, esse estado que todos têm, mas poucas percebem. Quebrar as “regras” da mesmice não é nada fácil, aliás, poucos conseguem faze-lo, se tornou um desafio nos dias atuais, fazer cada dia valer mais e mais, dedicar um sorriso ao desconhecido, um abraço à alguém o qual não se vê há tempos, amenidades as quais fazem extrema diferença no especo que nos separa, eu e você, no especo que separa todos de todos. Sentar-se na calçada e observar o movimento cadenciado das formigas me parece algo interessante, haja vista o que nos cerca lá fora, não abro mão disso, jamais. As borboletas em suas multicores e silhuetas ainda continuam sendo um dos grandes “vícios” aos meus olhos. Continuo seguindo o caminho que às vezes me parece mais ingrime, mas não há volta ele é único e certeiro é o caminho das flores e espinhos é o caminho do amor e do ódio da paz e da guerra, da felicidade ou tristeza, tudo depende como andarmos nele; nos o fazemos, talvez em parte, mas o fazemos...
Como o tempo muda, rápido assim, já não esta mais aquele céu azul, agora um tom cinzento tomou conta de tudo atrás da janela.
Mesmo assim ainda é passível da mesma contemplação.
De todas as lembranças; cravou-se em mim a saudável/saudade de seus olhos, lábios e pálpebras.
Essa realidade pura e insana por vezes é insuportavelmente sem sabor. Nada somos/seriamos sem os sonhos...
Espero por você entre linhas e o espaço superficial que nos separa, espero por você.
Eu.
Esses dias sempre nos oferecem possibilidades até então impossíveis nesses últimos dias aqui nessa região, captar o céu em seu estado puro, totalmente azul, aquele azul dos sonhos, lindo, poucas nuvens suspensas ao longe, lembram almofadas de algodão, aquela vontade que vêm de sentar-se. Eu sempre me repito, mas qual beleza única e pura não deverá ser relembrada e sentida? Poucas são as pessoas que “cultuam” olhar o céu e contempla-lo, poucas, talvez haja uma explicação concreta para isso, esse tempo voraz que a todos consome que há todos acorrenta. Confesso, é preciso “fugir” desse estado de putrefação da sensibilidade, esse estado que todos têm, mas poucas percebem. Quebrar as “regras” da mesmice não é nada fácil, aliás, poucos conseguem faze-lo, se tornou um desafio nos dias atuais, fazer cada dia valer mais e mais, dedicar um sorriso ao desconhecido, um abraço à alguém o qual não se vê há tempos, amenidades as quais fazem extrema diferença no especo que nos separa, eu e você, no especo que separa todos de todos. Sentar-se na calçada e observar o movimento cadenciado das formigas me parece algo interessante, haja vista o que nos cerca lá fora, não abro mão disso, jamais. As borboletas em suas multicores e silhuetas ainda continuam sendo um dos grandes “vícios” aos meus olhos. Continuo seguindo o caminho que às vezes me parece mais ingrime, mas não há volta ele é único e certeiro é o caminho das flores e espinhos é o caminho do amor e do ódio da paz e da guerra, da felicidade ou tristeza, tudo depende como andarmos nele; nos o fazemos, talvez em parte, mas o fazemos...
Como o tempo muda, rápido assim, já não esta mais aquele céu azul, agora um tom cinzento tomou conta de tudo atrás da janela.
Mesmo assim ainda é passível da mesma contemplação.
De todas as lembranças; cravou-se em mim a saudável/saudade de seus olhos, lábios e pálpebras.
Essa realidade pura e insana por vezes é insuportavelmente sem sabor. Nada somos/seriamos sem os sonhos...
Espero por você entre linhas e o espaço superficial que nos separa, espero por você.
Eu.
Saturday, March 01, 2008
Dreampop
Especial "Dreampop" (02/03/008)
Agradecimentos aos grandes amigos e ótimos conhecedores da boa música alternativa.
Marco Stecz e Neri Rosa.
Canções de algodão.
Ouçam...
http://www.ultimovolume.com.br/
Agradecimentos aos grandes amigos e ótimos conhecedores da boa música alternativa.
Marco Stecz e Neri Rosa.
Canções de algodão.
Ouçam...
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