Do alto daquela
janela é possível perceber os transeuntes que passam na avenida movimentada,
acometidos pelo tempo e hora, a pontualidade que a todos consome é nítida como
as nuvens cinza que circundam o céu rebuscado. Daquela janela ainda
restam resquícios de pingos da chuva, que passou logo pela manhã; com pó
acumulado, do lado de fora, borrou o vidro. Deixou o clima frio e
aconchegante, aqueceu seus pés com meia e sapato descolorido. Esse clima
tardiamente invernal traz consigo sutilezas, apegos e liberdade assistida. A Insistente ideia de
“nadar contra a maré” não foi abandonada, apenas repensada, trilhar novos caminhos não significa necessariamente abandonar os já trilhados, o suor têm
seu preço e a recompensa é duradoura. Recuar alguns passos para futuramente
andar vários adiante, pode ser uma lógica. Seus olhos estão direcionados para a
subjetividade, a concretude pode ser pura utopia, ou não, o caminho a percorrer
é a meta. A relação com seus pares em determinados momentos torna-se difusa,
sempre foi, sempre será, talvez esse não seja o aspecto a ser ressaltado, mas
sim sua absorção e relação com o meio. Alguns padrões nasceram prontos, outros
devem ser relativizados. A janela angular tem extrema proximidade com aquela
persiana que cobre seus olhos em dias e noites de apreciação, o ato de
afrontá-la, para assim poder vislumbrar um mundo de possibilidades, com suas
mesmices, fugas e audácia, proporciona a recusa em optar por meios ilícitos com os quais a maioria pensa e sonha em seguir, tudo não passa de uma
opção barata.“A verdadeira” opção cerca-se de abstração do meio, improvável
para muitos, opção para poucos. Esse limiar é cinza e azul, como os dias que se
observa por detrás daquela persiana. A janela é apenas o ponto de partida, à
ação é o impulso dos olhos, o que captar? Por quê? Abstrair-se ou não? As
respostas estão na retina dos olhos, na racionalização de si mesmo, tarefa
árdua e complexa. Naquele dia,
racionalizou e apenas decidiu mudar o ângulo de visão, abrir a persiana e perceber se ainda escorriam pingos de chuva na janela...
Ele.
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