Era só mais uma tarde, dessas onde se espera a possibilidade de esgueirar-se por entre a
infelicidade de um cotidiano massivo e dilacerante ou a imprecisa espera por
uma ociosidade contemplativa do nada. Nada é também felicidade.
Para Gertrudes e
Agatha, garotas de pálpebras acinzentadas, dedos finos e cabelos nos ombros, o 'nada' declarado tinha sentido obtuso e disforme, visto por olhos alheios, afinal como
contemplar o nada?
Para ambas só era
possível contemplar o nada a partir de uma total inversão, pois o nada é ao
mesmo tempo tudo. Gertrudes
não existiria sem Agatha, assim como, Agatha só se via em si mesma como reflexo
de Gertrudes.
Frustradamente tentavam
analisar o espaço que as separava, sendo esse espaço inexistente, pois se
percebiam uma como a extensão da outra.
Aquelas
folhas secas de inverno colhidas por Agatha só representavam beleza se sua
contemplação fosse percebida por Gertrudes, a partir dos novos dias daquela nova
estação não existiria mais o nada, sendo Agatha e Gertrudes extensões de si
mesmas, tudo lhes era caro, o vazio, o contemplativo, o belo, o obscuro, a felicidade;
fundiam-se.
Ele.
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