Friday, November 20, 2020

Com você abstraio o fútil

 Pensar sobre as inconstâncias que nos cercam, os próprios escombros ainda escondidos, obscurantismos renascidos, sobre a necessidade latente da desculpa e do perdão, além de erros apressados de revolta, talvez seja uma das tarefas mais difíceis dessa vida.

 O arrependimento em si só não basta, é preciso força e ação em potencializar o que há de mais puro em si, o amor à si próprio, mesmo sentindo na pele como poderá ser doloroso saber que se usará tudo o que sabe-se sobre ti como arma para o ressentimento, se assim for, terás a certeza que nunca foi amor...

 Se ainda cativas ódio, repulsa em ti, não tens tomado consciência que deves ser paz em sua plenitude...

Se assim ainda o faz, isso o tornará tão impuro quanto seu algoz.

Quando incorporo o que não quero em mim; minha culpa, só minha.  O início da mudança é o reconhecimento da própria incapacidade. 

 

Naquela noite quando lhe disse: estou aquém de tanto o que deveria ser e sentir, agir e abstrair, você reaparece e me diz que agora me dará suas mãos, já me sinto outro, sempre serei outro com você!

Só quero abster-me de tudo o que não é amor, tudo, expropriar de uma vez por todas todo amargo, fugaz e tóxico...

Você reaparece  sempre em momentos de céus tortuosos, escuros e sem cor, deixa tudo como deve ser; abstrair e sentir...

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