Assim como tudo e mais ainda sobre tons de pálpebras, nada sei, nada quero dizer em especial, não sei se faço poesia ou falácia, só sei, eu, que despejo tudo nessas palavras, sem restrições de tempo, hora e momento. Há em mim alguém o qual desconheço, esse deve ser um tanto poeta de gaveta, um tanto filósofo de esquina. Ah! e de calçadas também. Entrego-me ao meu avesso!
Thursday, December 28, 2006
Trinta e dois
Depois daquela chuva rápida de gotas finas ela cruzou a rua central da cidade baixa.
Trazia nos braços dois livros, tinham a capa manchada de sangue, ou seria resquícios de vinho da noite passada? Onde atenuou a solidão em esquinas sem luz. A pagina trinta e dois marcada com uma folha azulada contia a poesia preferida, era de Rilke, seu poeta de todas as horas. Mesmo de pálpebras cansadas, acesas agora pela luz do sol radiante, inclina seus braços lisos sobre o banco da praça deserta. Cicatrizes na calçada lilás denunciam apegos.
Descansa o corpo franzino. Acometida por olhos de estranheza. Retira do casaco de couro negro pedaço de seda em branco, despeja sensações rabiscadas a giz de cera. Brilham os lábios finos, são atrozes e insinuantes. No peito delineasse um nome feito com miçangas.
A noite encosta, continua denunciando sonhos, vigiando o céu. Sondando as nuvens.
Depois de uma bela taça de vinho tinto, essas palavras avulsas libertaram-se.
Cansaço na retina dos olhos, a madrugada sobre-vive. Vivendo.
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