Assim como tudo e mais ainda sobre tons de pálpebras, nada sei, nada quero dizer em especial, não sei se faço poesia ou falácia, só sei, eu, que despejo tudo nessas palavras, sem restrições de tempo, hora e momento. Há em mim alguém o qual desconheço, esse deve ser um tanto poeta de gaveta, um tanto filósofo de esquina. Ah! e de calçadas também. Entrego-me ao meu avesso!
Thursday, November 29, 2007
A mão livre
Às vezes dois olhos é pouco, é tanto ao redor...a sentir, perceber, absorver...
Nunca deixo de ouvir a canção que mais gosto por três ou até quatro vezes...
Eu.
Tuesday, November 13, 2007
Wednesday, November 07, 2007
Sunday, November 04, 2007
Wednesday, October 31, 2007
Sunday, October 28, 2007
Ro (tina)
A punição será fazer dos dias algo singular, incomparável e único.
Eu.
Thursday, October 25, 2007
Alado
Essa vontade tamanha que mora em mim, por vezes torpe, cresce, ganha vida à cada novo suspiro, cria asas, quer voar como pássaro que não voa em bando.
É singularmente única.
Ao seu lado, andar ao lado seu.
Lado alado.
Eu.
Wednesday, October 24, 2007
Monday, October 22, 2007
Friday, October 12, 2007
Flores
Ah! São tão lindas...não sentem inveja ou rancor, muito menos ódio e sim "amor"
Como todos deveriam observar a beleza e sutileza de uma flor...
Eu.
Sunday, October 07, 2007
Estante de Marfim (memórias de um dia)
Olhos fatigados, não pela noite translúcida, pelo semblante dessa que percorre os sonhos. Efêmeros. Ritual sagrado, como o toque para missa das seis horas, onde o pregador é o maior dos pecadores. Hipocrisia litúrgica.Ainda amparado por impossibilidades visionarias, tece poesias nas mãos. Abraça o vento.Os cravos no bolso esquerdo lembram alguém? Ela usava brilho negro sobre os olhos. Sutilmente.Depondo sensações em bloco, segura o coração a cada novo passo. Sobressaem os olhos em desconfiança. Agora as mãos precisam de novas mãos. Solidão. Medindo olhares de ferrugem. Paixão agora só pelo sono noturno. Sempre espera que a noite chegue logo. Radiante.Os passos cotidianos invadem interiores, arrombam os sonhos. Semeiam incertezas.
O futuro se resume em conquistas momentâneas. Desapego.
Amiga das distancias. Esses olhares azulados que deparam a mim são medidas de tempo, teem o tom das nuvens. Naquela calçada borrada a giz de pedra, se esconde o segredo dos dias. Caminhada. A passos largos, o sol queima a retina dos olhos. Amores transitórios. Promessas desfeitas. Aquele ultimo beijo foi amargo.
Gosto de rosa despedaçada.
Queima a palma das mãos.
Esperava decididamente encontra-la novamente debaixo da sombra das arvores amarelas.
Dessa vez nada quebraria o encanto daquela manhã.
Apesar dos dias sempre serem cinzas tudo tinha tons diversos.
As nuvens delineavam rachaduras nos céus.
Ecos das canções do inverno passado passavam. Transbordavam.
Não seria mais um dia de reticências?
Denunciadores eram os olhos verdes como a grama de um jardim suspenso, lábios trêmulos.
Aperta as mãos sobre o peito. Descompasso.
Depois à volta para a casa de tijolos a vista.
Sinuosa.
Só desejo imensamente que ela me ligue em hora avulsa.
Tudo se transforma.
Do gelo se faz fogo.
Na morte à vida.
Desses dias e por essas ruas ainda restam lembranças.
Lucas Chibinski
Saturday, October 06, 2007
Cravo nos lábios
Ficou o gosto de cravo nos lábios...
Eu.
Wednesday, October 03, 2007
"Verdades"
Eu.
Monday, September 24, 2007
Luz
Que a doçura e suavidade abriguem-se, definitivamente, que raiva e rancor sejam sementes ébrias de jardins de poesia e luz.
Eu.
Sunday, September 23, 2007
Ébrio
Que doçura e suavidade abriguem-se em mim...que raiva e rancor sejam sementes ébrias de jardins de poesia e luz...
Eu.
Saturday, September 22, 2007
Toca (me)
Leva-me e não traz de volta.
Eu.
Monday, September 17, 2007
Trilho (s)
Tinha toda certeza que voaria sem asas, ainda tenho...
Quando escrevo a mão livre, prefiro o lápis.
Às vezes dois olhos é pouco para captar "tudo" ao redor.
Contenho-me.
Nunca deixo de ouvir a canção que mais gosto por três ou até quatro vezes, é assim com o poema recitado.
Eu.
Sunday, September 16, 2007
...
Monday, September 10, 2007
Palavra (s)
Eu.
Saturday, September 01, 2007
Nada de novo
Eu.
Wednesday, August 22, 2007
Sunday, August 19, 2007
Reticências
Eu.
Monday, August 06, 2007
Eu.
Mesmo depois de todas as tempestades.
Eu.
Saturday, August 04, 2007
Wednesday, August 01, 2007
Amigos na verdadeira acepção da palavra
Os grandes amigos não se fazem apenas de presença física, mas sim de entrega, de entrega em espirito-alma.
Todos são passiveis de erros.
Alguns amigos são como geleiras, com o tempo e acometidos por um sol escaldante, derretem. Somem.
São apenas amigos de gelo.
Já alguns amigos, mesmo passíveis de erros, perduram, pois, esse mesmo sol os alimenta.
Alimentando-nos.
Juntos.
Eu.
Friday, July 27, 2007
Fim (s)
Tudo faz com que o dia se transforme, se cultivado atentamente de minuto a minuto, de hora em hora.
Eu.
Wednesday, July 25, 2007
Wednesday, July 18, 2007
URGENTE!
Comecemos contribuir de alguma forma, todos nós.
Eu.
Thursday, July 05, 2007
Eu para ela.
Eu para ela.
Sunday, July 01, 2007
Querer
Eu.
Thursday, June 28, 2007
Branco dos olhos
Pálido é o espelho que reflete sua hora
Das cortinas lilases que se sobressaem em transe
Ao avesso do espinho que sangra!
Despejam-se nas mãos esperanças remotas
Cravou-se no varal das incertezas
Debruçou-se em línguas infalíveis
Denunciado foi no branco dos olhos...
Eu.
Tuesday, June 26, 2007
Delírio (s)
Eu.
Sunday, June 24, 2007
Monday, June 18, 2007
Mar (celas) do campo
Pular os vagões de um trem abandonado em dias de sol. Ali também trocavam postais da época vitoriana. Vinho tinto às cinco horas da manhã. Alguns hábitos tornaram-se insubstituíveis. Dessa maneira simples e tênue o tempo para Léo e Beatriz não existiu. Foram três estações primaveris e um intenso inverno juntos. Tudo teve seu fim em certo dia solar, quando se desabrochou um pedaço de céu, que já não era mais cinza, e assim o sol mostrou um de seus olhos. Tudo existiu, mesmo não existindo....
Eu.
Wednesday, June 13, 2007
Monday, June 11, 2007
Ama (relo)
Agora.
Eu.
Tuesday, June 05, 2007
Sub(ida)
Eu subi.
Eu.
Saturday, June 02, 2007
Friday, June 01, 2007
Instan (te)
Quem bom, o não-impossível conforta-me.
É possível.
Espero.
Anseio.
Agora.
Mais do que alguns minutos atrás, muito mais...
Eu + eu.
Sunday, May 27, 2007
Fresta
Têm um traço de sol que entra pela fresta da janela, deixei de total propósito.
Aquece-me.
Eu.
Tuesday, May 22, 2007
Monday, May 21, 2007
Sunday, May 20, 2007
Wednesday, May 16, 2007
Se falamos em "massa" falamos também em um fenômeno que não é de hoje, a superficialidade pode ser relativizada é fácil assim, ela é mais clara, mas só para aqueles que não vêem mais longe, ou não querem ver. Sem essa de tirar a fruta do pé da árvore e sentir o gosto verdadeiro dela, seja doce ou amarga, querem frutas nos plásticos, querem apenas fruta doce, esses TODOS - leia-se a maioria - querem.SALVE! os que ainda preferem sentir o gosto indefinível da descoberta, o amargo torna-se doce!
Eu.
Monday, May 14, 2007
"O belo esta no subterrâneo"
“Mas realmente o massificado pouco me atrai.”
- Idem. Temos algo em comum, isso é bom!
Por que a maioria prefere aquilo que tem sabor artificial e vêm em caixas bonitas?
- Talvez porque as caixas bonitas são bonitas por fora, mas ocas por dentro, porque o artificial tem sabor artificial, ele é sem sabor.
Dialogo de um segundo.
Eu + Eu.
Sunday, May 13, 2007
Saturday, May 12, 2007
Friday, May 11, 2007
Wednesday, May 09, 2007
Grande.
A noite é a metade da vida, e a melhor metade.
Na plenitude da felicidade, cada dia é uma vida inteira.
Só é digno da vida aquele que vai, todos os dias, à luta por ela.
A alma humana avança constantemente, mas em linha espiral.
Quando trabalho o dia inteiro, acolhe-me de braços abertos; uma noite amiga.
Vive quem ousadamente vive.
A juventude é a embriaguez sem vinho.
O talento se educa no silêncio e o caráter na tempestade.
Tudo quanto se destina a surtir efeito nos corações, do coração deve sair.
Quanto mais te sentes homem, tanto mais te pareces aos deuses .
Goethe
Monday, May 07, 2007
There's wind that blows in from the north. And it says that loving takes this course. Come here. Come here. No I'm not impossible to touch I have never wanted you so much. Come here. Come here. Have I never laid down by your side. Baby, let's forget about this pride. Come here. Come here. Well I'm in no hurry. Don't have to run away this time. I know you're timid. But it's gonna be all right this time.
Singularmente Belo!
Espia ai, vai:
http://www.youtube.com/watch?v=-ysuvpUOBoE
Wednesday, May 02, 2007
Lucien Febvre, Combates pela História (1952)
Thursday, April 26, 2007
Autismo.
Autismo: estado mental causado pela absorção em devaneios subjetivos e alheamento do mundo exterior.
Isso é tão necessário às vezes.
Monday, April 23, 2007
Saturday, April 21, 2007
Thursday, April 19, 2007
faço poesia ou falácia, só sei, eu, que despejo tudo
nessas palavras, sem restrisções...de tempo, hora e
momento.
Dependeria talvez, de eu, você e uma calçada; ou
meio-fio, essas respostas sempre se escondem nos
olhos...Isso aqui não nos possibilita olhos nos olhos, então,
tudo pode ser apenas reticências...
...é apenas distância física,pode ser superada, têm
muitas calçadas ai, eu sei, meio-fio, sente-se, e
olha o andar das formigas, as mesmisses para muitos
(leia-se a massa)é o nosso refúgio e saída. eu saio
com você...sento contigo, não será preciso falar
nada, como um casamento Quaquer, onde os olhos se
casam primeiro.
Sunday, April 15, 2007
Thursday, April 12, 2007
CAMINHANDO POR DENTRE BRUMAS
Andando por caminhos nunca percorridos
O sol a se por,olhando para traz vejo os ciprestes já esmaecidos pelo tempo algoz
Espalhando suas sombras
A cada batida de coração
E pulsar de alma
Fica mais distante,compasso solusivo lembro-me dela com sua beleza ebúrnea brumas se intensificam ao cravar de mais um final de dia......
Espalham sua atmosfera amorosa sobre a relva sadia
A noite já estrelada
Denuncia visões ofuscadas
De um semblante de outrora
Adoro a noite escura
Tão cheia de aventuras
Ah!!!! Como queria estar entre seus doces lábios
A observar suas pálpebras escuras
Com celhas
Envolto ao celífero
Penso em minha poesia passada onde nela consiste
Meus sonhos vagam no infinito
De um dia ainda não descrito
Ponho a lembrar-me de uma nudez diante da qual via-me murmurante decompondo-se em ternura e embriagues maternal alento o pó da infância
Já rachada onde jamais imaginava ter-te ......
Com o dia já em estado rubro
Exercito meus sentimentos em sonhos e quimeras infindáveis
Coberta por mutualidade futura
Sonho com ela pois sonhas comigo
Debruço-me em sensações nebulosas
Onde estávamos aprisionados em total transcendência afetiva dedicando-me avidamente em Prezar-te
Com plena devoção que sinto em meu coração.
Lucas (04/2007)
Tuesday, April 03, 2007
...Continuarei achando que a cor natural dos olhos do céu sempre será azul. Mesmo depois de todas as tempestades, de todas. Tenho em mim o poder da "transformação"... nem todas as cores são reais, criemos as nossas.
Próprias.
Friday, March 30, 2007
Wednesday, March 21, 2007
Friday, March 16, 2007
Sinto pulsar aqui o desejo secreto de um sonho guardado e um beijo roubado...
As paredes brancas, pés descalços, o dia nasce sem lamúrias, no espelho pasmo...
Pergunta sem resposta, será que ela vem?Nada me aflige, a não ser o próximo sonho, que nasce regado, a fantasias e devaneios, com brilho intenso de cor amarela.
A sensação da manhã terna me toma, aroma das flores, visto brilho e cores, sem medo sem dores, por onde anda aquela garota das manhãs angelicais, que adentra a minha alma com carias matinais, ah! Deve estar por vir...
Saberá ela que nessa manhã faço plena questão em existir? Em esperar...
A canção doce se encosta e grava-se no âmago, delira coração febril, onde esta?
A garota das maças colhidas na chuva prometeu me visitar, toda de branco com flores azuis, ela também contempla a manhã, seus anseios prometeu me confessar, a espero chegar, por onde andas? Será com cestos de vime na esquina a espreitar?
Nessa hora sinto o vácuo da solidão, o sol já brilha radiante, enfim avisto a silhueta da garota na janela, me tomo todo de emoções, as mãos tremem, o corpo inclina, os lábios sedentos, o coração palpita em descompasso, um dia há vi assim, vinha como um anjo, lírico, tênue, também da janela, mas era sonho, agora do sonho acordo e há vejo pura, real diante de mim, não necessito de palavras, só olhares e preces para que um dia a garota das maças colhidas na chuva volte, e de olhares inunde meu peito, até dizer, vim e quero ficar. Seria a concretização da manhã mais bela, a vendo correr através do jardim dos sonhos por sobre a grama verde, cruzando a esquina, com o ramo das flores azuis que lhe dei, de braços abertos a suspirar, pelo beijo inebriante com gosto da maça colhida ao pé da arvore chamada vida, de onde também traz toda luz divina, que sempre via em sua aura ao cruzar todos os dias tal esquina...
Após tantas tormentas a manhã perfeita nos arrasta por dentre o
Sonho realizado...
Tuesday, March 13, 2007
Monday, March 12, 2007
Cercados pelo silêncio de uma atmosfera afetiva que toma conta
Ao redor arvores imensa
A grama verde nos sustenta
Inebriados por uma devoção tão densa
Folhas de inverno ao chão
A sombra de um canto escondido
A tenho em minhas mãos
O dia se faz florido
Nossos âmagos se mostram vorazes
Sentimentalidades afloram
Um dia de encanto
Os beijos nos tomam
Tudo se intensifica a cada segundo
Momentos de pura singularidade
Que jamais hei de nos deixar
Tudo se transforma em nosso novo mundo....
Monday, March 05, 2007
Andar, andar, e apenas andar-me sem nada, no vazio das horas...
Flores na porta dos sonhos, sem cores!
Molduras ofuscadas, vivenciadas.
Vidas, amores...
Desliza sobre o ventre da noite
Miudezas de um dia caustico
Na simetria da aurora rachada
Embalo-me sou sonho senil...
Dessa quimera translúcida, o porvir afoga!
Os campos, esses fartos de grãos.
Ensejos, bocejos, seria delírio matinal?
Que seja.
Monday, February 26, 2007
(...) Beating on my heart like a feather Beating of a moment til I disappear
Senhora musa da paz me abraça, me carrega no teu andor.Dormir no colo da dor, amiga arrasa!A tua mão desenhou o sonho na areia.Agora, entrega de vez meu rumo e vida.Diga uma palavra, alegre, manda um recado, que seja agora...Faz o mundo ficar novo, e dançar no colo do tal de amor!Diga uma palavra, cara bem alegre...Corre, manda logo um recado!Me abraça, faz um clima doce.Me arrepia!Chega de sufoco, me poe louco!Me faz diamante, teu amante...Dança ao som do vento!Me ensina, basta de sufoco.Não faz jogo...Breath after breath
( Duran Duran & Milton Nascimento)
Saturday, February 24, 2007
Acredito em suas palavras. Confio em você.
Gosto da garota de pele alva. Olhar sinuoso.
Cabelos vermelhos.
Unhas negras.
Anda com poesia nos olhos.
Senta-se no banco da praça mais deserta, debaixo da árvore mais velha, sob a sombra mais intensa.
Depois da chuva forte, bate o sino da igreja, vazia, ás 18:00 horas.
Caminha através de pessoas que não vê.
Detêm-se a pequenos detalhes de sombra e luz.
Passa por ela mais uma vez a borboleta que vive já há cinco dias.
Bate as asas azuladas. Brilham.
O tom do céu muda com as horas. Carrega na bolsa de coro desbotado o livro predileto.
Na pagina trinta e sete tem a poesia que mais gosta. Rilke.
Solta-se. De impulso derradeiro capta olhares das nuvens.
Agora límpidas.
Aprecia figuras de anjos medievais.
Direciona-se e debruça sobre o banco de madeira o corpo franzino.
Braços abertos. Olhos de ferrugem.
Aquele olhar de cera que atravessa o sol.
Só a solidão ausenta-se.
Thursday, February 15, 2007
Qual sua realidade vivida?
Às vezes não sei, não sei por qual porta entrar!
Impulsividade dominadora, tormento passageiro!
Tinha o tempo nas mãos, agora não vejo o dia passar!
Dentre tantas...
Vários micro mundos circundam a noite azul
Não quero, não tenho apreço a lembrança doída!
Tenho agora a escolha real e visível
Deposito no peito ardor e veracidade
Faço dessa existência a lacuna de muitos
Entorpeço-me, não consinto...
Quero e tenho, o rumo dos sonhos!
Deve-se nascer a cada segundo
Foge das dores cotidianas
Queima em felicidade, abraça o mundo!
Friday, February 09, 2007
Noite branca.
Quisera eu ter aquele tamanho, os braços eram longos e reforçados, não tinha apreensão nos olhos, esses eram vultuosos e sagazes. Guilherme não tinha mais cabelos longos como antes, mesmo trabalhando de sol a sol, suas mãos ainda pareciam macias e firmes. Esticava o corpo todas as manhãs na varanda da casa. Não era desses garotos que cultuam o corpo, nem precisava... Morava com os tios, tinha cumplicidade com a tia de nome Vilma, dava-lhe todo carinho que nunca teve dos Pais. Fato esse que tentava deixar passar desapercebido, mas seus olhares tristes eram denunciadores. Tentava desesperadamente esconder-se atrás de certa arrogância e impessoalidade. Parecia ter poucos amigos. Muito poucos. Talvez não por opção, quem sabe?
O lugar sagrado eram as quatro paredes brancas daquele quarto frio.
Cheio de adereços em cristais e gesso, cuidadosamente lustrados.Era cuidadoso.
Excêntrico às vezes. O fato de nunca abrir as janelas deixava um mau cheiro, nem as cortinas pareciam serem estendidas, algumas frestas de luz adentravam por espaços da entrada que dava para um sótão, escuro e gelado. Poucas vezes subia ali...
Mantinha coleções de álbuns de vinil, alguns nunca ouvidos, os preferidos estavam na parede, olhava como se olha aquém se quer...Ao lado a coleção de borboletas azuis, a qual trazia desde a infância, recordação do Pai falecido. Tentava recompor as asas destruídas pelo tempo, assim como fazia com sua mãe, durante longas noites. O retrato em cima da cama trazia uma mulher austera, com grande vivencia.Sumiu em um dia de chuva sem deixar vestígios. Não levou nada, apenas a roupa do corpo. Estranheza total.
Guilherme matinha um saudosismo ácido.Como quem só olha de dentro para fora, assim via tudo se delinear em sua frente, pequenos formatos tomavam proporções enormes.
Quem me dera desvendar o que aquele garoto trazia no peito, o que fazia seus olhos brilharem por tão pouco, pareciam tênues seus momentos de felicidade. Deveriam ser... É isso! Guilherme só olhava de dentro para fora-tudo partia de uma sensibilidade frágil e extrema. Não era percebida assim, por olhos nus. Poucos a percebiam. Mesmo assim aqueles olhos sempre pareciam cerrados, olhares tímidos e sorrisos amenos. Timidez? Talvez...Tinha as mãos geladas. Sempre mudando de lugar os móveis do quarto. Nada ficava fora do lugar. Só pessoas especiais também podiam ocupar aquele espaço.
Transformara aquele ambiente em algo intransponível. Único e passível de seus devaneios.
Alguns segredos deveriam estar contidos ali? Brigava com Bruno o primo mais novo, por sempre estar espiando pela fresta da porta, às vezes em um descuido deixava entreaberta.
Trabalhava com Tio em oficina mecânica, dava duro sem reclamar. Aos vinte e dois anos tinha acabado o colegial, mas ainda não tinha dado um rumo na vida, muitas indecisões assolavam seus pensamentos, esse era um dos grandes motivos para ser diariamente atormentado pelo Tio. Homem de poucos sorrisos. Matuto e exigente, sempre dava tarefas difíceis a Guilherme-algumas embora normais-para Guilherme pareciam definitivamente impossíveis de serem cumpridas. Mas sempre vazia o possível para servi-lo. Mesmo contrariado dava tudo de si, era assim em tudo o que se propunha a fazer.
Ir até o mercado era uma dessas tarefas difíceis, não gostava de cruzar as avenidas, preferia as vielas e ruas estreitas, certo que ali haveria pouco movimento. Alguns olhavam com certo espanto, porque aquele garoto chamava-lhes atenção? Não pela estética, talvez transpassasse uma certa inquietude que era disseminada por onde era visto, por onde passava. Afinal em cidades pequenas todos deveriam se conhecer e assim se dar bem.
Mas isso não acontecia. Talvez aquele jeito era seu e de mais ninguém. Apenas seu jeito de ser. Andar descalço na grama gelada. Debaixo de o cipreste amarelo encostar os braços, estender as pernas e roer as unhas. Usava camisetas com pétalas bordadas.
Os finais de semanas eram dedicados a falar de amenidades pra si mesmo.
Coisas que simples para muitos, para Guilherme tinham dimensões extremas.
Noites que pareciam cinzas, a seus olhos eram brancas. Era particular e privado seu mundo.
Pequeno grande mundo.
Tuesday, January 30, 2007
Friday, January 26, 2007
1º DE MAIO
Andar, andar, e apenas andar-me sem nada, no vazio das horas...
Flores na porta dos sonhos, sem cores!
Molduras ofuscadas, vivenciadas.
Vidas, amores...
Desliza sobre o ventre da noite
Miudezas de um dia caustico
Na simetria da aurora rachada
Embalo-me sou sonho senil...
Dessa quimera translúcida, o porvir afoga!
Os campos, esses fartos de grãos.
Ensejos, bocejos, seria delírio matinal?
Pois seja.
Thursday, January 25, 2007
Rabiscos de uma hora.
O Sol mais uma vez mostrou apenas um de seus olhos, brilhante e imponente, em uma tarde dessas onde os sonhos segregados afloram, pedem para transpor-se do peito. Quietos.
Estávamos lá, debaixo de árvores frondosas e imensas, os galhos pendiam como ondas que se quebram na areia. As folhas largas e secas caídas, amassadas por passos imaginários de quem por ali teve o prazer em passar. Senti-las em sombra e sol. Debruçadas. O pôr do sol foi registrado diante de olhos atentos. “Letônia”, um filme lembrado de décadas atrás.
Tarde com aquele alguém o qual contempla com o mínimo de seus detalhes, alguns nem mesmo aos olhos são perceptíveis, só podem ser sentidos. Sedentos por detalhes transparentes aos demais, os quais se dissipam dando lugar a novas particularidades.
Por fim, um abraço naquelas árvores; a descoberta que as nuvens em tons multicores ainda fazem desenhos indecifráveis, por minutos lembram almofadas onde anjos se deitam a espreitar o brilho da lua no alto. Tudo faz com que o dia se transforme, se cultivado atentamente de minuto a minuto, de hora em hora.
Thursday, January 18, 2007
Amigos.
Os grandes amigos não se fazem apenas de presença física, mas sim de entrega, de entrega em espirito-alma. Todos são passiveis de erros.
Alguns amigos são como geleiras, com a realidade forte como a de um sol escaldante que os acomete, derretem.
Somem.
São apenas amigos de gelo.
Já alguns amigos mesmo passiveis de erros, perduram, pois esse mesmo sol os alimenta.
Lucas 01/2007
Sunday, January 14, 2007
Quando lembro do que "passou", não sei se passou mesmo, pois tudo não deixa marcas? Esses que se escondem por traz de suas idéias de esquecimento fácil, desapego em um piscar de olhos, no fundo são os que guardam as lembranças mais penosas, são mais frágeis do que pensam, têm o maior dos medos; não saber lidar com as lembranças. Cicatrizes inerentes a todos.
As cultivamos sem perceber. O inconsciente é apenas mais um mundo à parte. Crie o seu, ou faleça nesse que acha palpável e concreto.
Friday, January 12, 2007
Como o céu tudo se renova.
E como impressiona o grau de envolvimento que se acaba tendo com certas "pessoas", não é um envolvimento, mas sim uma espécie de apego pelo qual nos sentimentos falsamente mais "seguros". É como algo o qual nos faz sentir como ilhas habitáveis, aqueles locais paradisíacos os quais seres raramente freqüentam, e por pouco tempo.Deixam-se marcas?
É óbvio que sim, mas na maioria das vezes são tênues, tênues e também fugazes são esses, os quais se mostram e depois de algum tempo se escondem.
É frágil como cristal, pois o tempo é o maior dos vilões para mentes as quais os esquecimentos, apegos e sentidos de algo mutuo perduram. Algumas pessoas são de gelo, com o tempo derretem, a que se respeitar, afinal sempre a máscara cai e os olhos e as atitudes serão denunciadores. A magia esta em saber que nem todos têm o mesmo grau de sensibilidade, isso é ótimo. A qualquer hora pode se magoar ou ser magoado, intencionalmente ou não.
Aprender a lidar com nossos próprios fantasmas é o maior dos desafios.
"Só ficarei ao seu lado se assim desejar" de resto, se foi, e felizmente veio a finitude.
Novos amigos, novos sonhos, novas realizações, novas decepções, novas amantes, novos olhares, novas árvores que se pedem em ruas ainda não transitáveis, novas canções e filmes, novas telas, estará tudo ai para se olhar, perceber e sentir.
Thursday, January 11, 2007
A todas as ampulhetas de pedra.
Ampulheta de pedra
Desde o último dia do ano de 1989 aquele garoto de olhos castanhos fogo, cabelos e braços soltos, assim ao vento...Fez um coração no braço esquerdo, ficou como um selo. Herança de uma garota que vestia negro. Ambos vestiam. De cabeça baixa, lábios carnudos, usava sapados de coro, tinha corpo franzino. É certo que não dava importância às reuniões de família, só em caso extremo, tinha bom relacionamento com os pais, embora às vezes passace desapercebido por todos, desleixado? Talvez... Enquadrar-se a padrões do censo comum sempre parecia ser algo difícil. Não o fazia. Tinha sorriso tímido. Descrevê-lo é algo complicado, minucioso. Guardava folhas secas em uma agenda lilás. Todas de uma árvore ao fundo de uma casa com tijolos a vista. A casa era vazia, noutro lado da cidade, ninguém ia até lá, apenas Léo, o nome que lhe foi dado em homenagem a um Tio já falecido. As anotações eram feitas a lápis. Léo tinha os olhos sedentos. Um hábito estranho de sentar-se ao meio-fio. Perceber o movimento retilíneo das formigas gigantes. Adorava dias de chuva, mas abominava o guarda-chuva. A janela do seu quarto dava para o céu. Fato esse que lhe proporcionava aventurar-se com as cores da palheta escondida debaixo da cama. Ensaios noturnos. Madrugadas adentro. Demorou um bom tempo para tomar essa atitude. Suas decisões costumavam ser lentas, arrastadas. Fazia orações todas as noites.
Certo dia resolveu dar vida às tintas deixadas pelo seu vovô Nicolau, um Senhor distinto que viveu longos 98 anos, todos dedicados a ensinar a arte. O interesse mesmo que tardio abraçou-o. Estava ali incrustado. Com vazão repentina liberou-o como a um pássaro.
Aliada as canções e livros, tomavam seu tempo. Tentava preenchê-lo. Sentia extrema dificuldade em desfazer-se de adereços antigos. Sentia falta de alguém especial a qual conheceu naquele último dia do ano, casualmente. Foram acomeditos por olhares de canto em uma livraria central. Ali pesquisando novos títulos, percebeu escritas nas mãos. Léo sorri discretamente. – Nossa! Faz poesias nas mãos? Abre as mãos, posso vê-las?
Desde então se tornaram inseparáveis. Quando juntos, como se fosse combinado, ambos traziam cravos nos bolsos e papeis de seda. Ela, uma garota com nome de Beatriz-mas seu nome de batismo era Anna, tentava incessantemente fugir das determinações paternas. De tom carvão debaixo dos olhos, as unhas curtas, sem cor, cabelos avermelhados e de olhar penetrante, não gostava de andar de mãos dadas. Adorava subir em cima de edifícios altos, estendendo os braços tentava pegar nuvens.Timidez velada. Ouvir canções doces parecia ser o grande programa. Gastar o tempo de forma a não percebê-lo-ficava claro que essa era a intenção. Abrochavam-se afinidades. Encontros confidenciais na praça da cidade, sem hora marcada. Sempre no mesmo banco de madeira. Quantas confissões foram ditas ali? Todas ao pé do ouvido, com vozes finas e sutis. Não existia mais o tempo. Não esse tempo que todos conhecem e a todos consome. Apenas as mudanças do céu e das nuvens eram notadamente percebidas. O tempo agora emboscado. Transcendências. Plantaram algumas flores naquele jardim, rosas vermelhas, às vezes brancas. Algumas marcelas do campo.
Pular o vagões de um trem abandonado em dias de sol. Ali também trocavam postais da época vitoriana. Vinho tinto às cinco horas da manhã. Alguns hábitos tornaram-se insubstituíveis. Dessa maneira simples e tênue o tempo para Léo e Beatriz não existiu.
Foram três estações primaveris e um intenso inverno juntos. Tudo teve seu fim em um certo dia solar, quando se desabrochou um pedaço de céu-que já não era mais cinza, e assim o sol mostrou um de seu olhos. Tudo existiu, mesmo não existindo.
Lucas___01/2007
Friday, January 05, 2007
Babybird
Depois de alguns anos sem gravar nada inédito, o querido e irônico Stephen Jones (Babybird) lança novo álbum "Between My Ears There's Nothing But Music".
Bem, como um admirador incondicional de seu trabalho tudo o que eu possa falar sobre essa banda, que se resume a Stephen Jones, posso soar suspeito, mas a facilidade em fazer canções Indiepop de grande versatilidade e docura, por vezes ácida é ainda seu ponto forte.Fez alguns shows,s de estréia em algumas cidades da Inglaterra, sempre em locais pequenos, intimistas, a interação com o publico nas apresentações é algo tão particular, isso deixa tudo uma grande festa! Salve, salve, ele teve um grande destaque na imprensa britânica nos anos 90,s, onde alcançou seu "auge", mas não caiu nas garras da mídia, suas canções ainda são subterrâneas, aqui no Brasil mais ainda...A música pop (alternativa) tem salvação sim.!
Kiss.
Wednesday, January 03, 2007
As azuis são tão lindas...
Poe-minha (2007)
Vem, deita seu dorso sobre o meu...
Curvando-te a mim os lábios rosados
Assim como vergam as árvores
Amedrontadas pela ventania medonha
Despeja-me olhares
Como quem cava jóia rara
Arroba-me o peito
Filtra (me)?
Transita em mim
Como pássaros que dormem em nuvens azuis
Depois, muito depois, como navio em fuga!
Partes e deixa-me a deriva...
Lucas___01/2007